Suponha que queremos estimar o parâmetro populacional \(\theta\) através de um intervalo.
Um intervalo de confiança (IC) para \(\theta\) é sempre da forma:
\[ \mbox{estimativa} \pm \mbox{margem de erro}\]
\[\widehat \theta \pm \mbox{margem de erro}\]
Sendo:
Temos uma população com proporção \(p\) e variância \(p(1-p)\) desconhecidos.
Retira-se uma amostra aleatória de tamanho \(n\) e calcula-se a proporção amostral \(\hat{p}\) para estimar o parâmetro populacional desconhecido \(p\).
Temos as propriedades:
\[E(\hat{p})=p\quad \quad Var(\hat{p})=\frac{p(1-p)}{n}\quad\quad EP(\hat{p})=\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\]
Pelo Teorema do Limite Central: a distribuição amostral de \(\hat{p}\) aproxima-se da seguinte distribuição Normal quando \(n\) for suficientemente grande:
\[\hat{p}\sim\mathcal{N}\left(p,\frac{p(1-p)}{n}\right)\]
\[Z=\frac{\hat{p}-p}{\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}}\sim \mathcal{N}(0,1)\]
Qual a probabilidade de que o estimador \(\hat{p}\) esteja distante do valor verdadeiro, \(p,\) em no máximo 1 erro-padrão?
\[P\left(\mid \hat{p} - p \mid \leq \sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right)\]
\[ \begin{aligned} P\left(\mid \hat{p} - p \mid \leq \sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right)&= P\left( -\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\leq \hat{p}-p \leq \sqrt{\frac{p(1-p)}{n}} \right)\\ & = P\left(-1\leq \frac{\hat{p}-p}{\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}} \leq 1\right) \\ & = P(-1\leq Z\leq 1)\\ & = 0.68 \end{aligned} \]
Qual a probabilidade de que o estimador \(\hat{p}\) esteja distante do valor verdadeiro, \(p\), em no máximo 1.96 erro-padrão?
\[P\left(\mid \hat{p} - p \mid \leq 1.96\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right)\] \[ \begin{aligned} P\left(\mid \hat{p} - p \mid \leq 1.96 \sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right)&= P\left( -1.96\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\leq \hat{p}-p \leq 1.96\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}} \right)\\ & = P\left(-1.96\leq \frac{\hat{p}-p}{\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}} \leq 1.96\right) \\ & = P(-1.96\leq Z\leq 1.96)\\ & = 0.95 \end{aligned} \]
Intervalo de confiança de \(95\%\)
\(IC(p, 95\%) = \left[\widehat p -1.96\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}};\widehat p +1.96\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right]\)
Intervalo de confiança de \(90\%\)
\(IC(p, 90\%) = \left[\widehat p -1.64\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}};\widehat p +1.64\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right]\)
Intervalo de confiança de \(99\%\)
\(IC(p, 99\%) = \left[\widehat p -2.58\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}};\widehat p +2.58\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\right]\)
Qual o problema?
Sabemos \(p(1-p)\)?
Não sabemos \(p(1-p)\), porém:
A função \(p(1-p)\) atinge o valor máximo quando \(p=1/2\), ou seja, \(p(1-p) \leq \frac{1}{4}\).
Vimos que \(p(1-p)\leq \frac{1}{4}\), então erro padrão é maximizado por:
\[\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\leq \sqrt{\frac{1}{4n}} \quad \Longleftrightarrow \quad -\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\geq -\sqrt{\frac{1}{4n}}\]
Portanto, \(IC(p, 95\%) = \left[\widehat p -1.96\sqrt{\frac{1}{4n}};\widehat p +1.96\sqrt{\frac{1}{4n}}\right]\) .
Caso geral (conservador): Um IC de \(100(1-\alpha)\%\) para \(p\) é dado por
em que \(z_{\alpha/2}\) é tal que:
\[P(-z_{\alpha/2}<Z<z_{\alpha/2})=1-\alpha\]
\[P(|Z|\leq z_{\alpha/2})=P(-z_{\alpha/2}\leq Z \leq z_{\alpha/2})=1-\alpha\]
Seja \(Z\sim N(0,1)\). O percentil \(z_{\alpha/2}\) é tal que \(1-\alpha = P\left(-z_{\alpha/2}\leq Z\leq z_{\alpha/2}\right)\)
Como determinar \(z_{\alpha/2}\)?
\[ \begin{aligned} 1-\alpha = P\left(-z_{\alpha/2}\leq Z\leq z_{\alpha/2}\right) & = P(Z \leq z_{\alpha/2}) - P(Z \leq -z_{\alpha/2}) \\ & = P(Z \leq z_{\alpha/2}) - P(Z \geq z_{\alpha/2}) \\ & = P(Z \leq z_{\alpha/2}) - \left[1-P(Z \leq z_{\alpha/2})\right] \\ & = 2P(Z \leq z_{\alpha/2}) - 1 \\ & = 2 \Phi(z_{\alpha/2}) - 1 \end{aligned} \]
Portanto, \(1-\frac{\alpha}{2} = \Phi(z_{\alpha/2}) \quad \Rightarrow \quad \Phi^{-1}\left(1- \frac{\alpha}{2}\right) = z_{\alpha/2}\)
Procure na tabela o valor de \(z\) tal que a probabilidade acumulada até o valor de \(z\), isto é \(P(Z\leq z)=\Phi(z)\), seja \(1-\alpha/2\).
Encontrar \(z_{0.05}\) tal que \(0.90 = P\left(-z_{0.05}\leq Z\leq z_{0.05}\right)\).
Pela tabela, \(z_{0.05} = 1.64.\)
Numa pesquisa de mercado, \(n=400\) pessoas foram entrevistadas (usando amostra aleatória) sobre preferência do produto da marca A, e \(60\%\) destas pessoas preferiam a marca A.
Encontre um \(IC\) de \(95\%\) para a proporção de pessoas que preferem a marca A.
Pelo resultado da pesquisa, \(\widehat p = 0.6\).
Logo, o \(IC\) com grau de confiança \(1 - \alpha=0.95\) é dado por:
\[\begin{aligned} IC(p, 0.95) &= \left[0.6 - 1.96\frac{1}{\sqrt{1600}}; 0.6 + 1.96\frac{1}{\sqrt{1600}}\right] \\ &=[0.6 - 0.049; 0.6 + 0.049] \\ &=\left[0.551;0.649\right] \end{aligned} \]
Suponha que em \(n=400\) entrevistados, tivéssemos obtido \(k=80\) respostas de pessoas que preferem a marca A.
Vamos obter um intervalo de confiança para \(p\), com grau de confiança de \(90\%\):
\[ \begin{aligned} IC_1(p, 0.90) &= \left[0.2 - 1.64\frac{1}{\sqrt{1600}};0.2 + 1.64\frac{1}{\sqrt{1600}}\right] \\ &=[0.2 - 0.041; 0.2 + 0.041] \\ &=[0.159; 0.241] \end{aligned} \]
E se usarmos a estimativa \(\widehat p\) para também estimar o erro padrão \(\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}\)?
Podemos construir o seguinte \(IC\) de \(100(1-\alpha)\%\)
\[IC(p, 1-\alpha)= \left[\widehat p -z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}};\widehat p +z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}}\right]\]
Para os dados do exemplo anterior,
\[ \begin{aligned} IC_2(p, 0.90) &= \left[0.2 - 1.64\sqrt{\frac{(0.2)(0.8)}{400}}; 0.2 + 1.64 \sqrt{\frac{(0.2)(0.8)}{400}} \right] \\ &= [0.2 - 0.033; 0.2 + 0.033] \\ &= [0.167; 0.233] \end{aligned} \]
O intervalo que utiliza \(\widehat p\) também para estimar o erro padrão tem menor margem de erro e, portanto, menor amplitude do que o intervalo que utiliza o fato de \(p(1-p) \leq \frac{1}{4}\). Por isso esse último é chamado de conservador.
Veja as amplitudes dos \(IC\)’s que encontramos no exemplo anterior:
\(IC_1(p, 0.90) = [0.159;0.241] \quad \Rightarrow \quad A_1=0.241-0.159=0.082\)
\(IC_2(p, 0.90) = [0.167;0.233] \quad \Rightarrow \quad A_2=0.233-0.167=0.066\)
A amplitude é o dobro da margem de erro.
Em resumo, os intervalos de \(100 (1-\alpha)\%\) de confiança para \(p\) podem então ser de duas formas:
Método Conservador \[IC_1(p, 1-\alpha)=\left[\widehat p -z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}};\widehat p +z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}}\right]\]
Usando \(\hat p\) para estimar o erro padrão \[IC_2(p, 1-\alpha)=\left[\widehat p -z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}};\widehat p +z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}}\right]\]
Veja que nos dois casos, os \(IC\)’s são da forma \(\widehat p \pm \mbox{margem de erro}\)
De uma amostra aleatória de 100 alunos de uma universidade, 82 afirmaram ser não fumantes.
Construa um intervalo de confiança de 99% para a proporção de não fumantes entre todos os alunos da universidade.
\(\widehat p =0.82, n=100, \alpha=0.01,\) e \(z_{0.005}=2.58\)
\[ \begin{aligned} IC_1(p, 0.99) &= \left[\widehat p - z_{0.005}\sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}}; \widehat p + z_{0.005}\sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}}\right] \\ &= \left[ 0.82 -2.58\sqrt{\frac{(0.82)(0.18)}{100}} ; 0.82 + 2.58\sqrt{\frac{(0.82)(0.18)}{100}}\right] \\ &= [0.82 - 0.10; 0.82 + 0.10] = [0.72; 0.92] \end{aligned} \]
Podemos também calcular o \(IC\) de 99% pelo método conservador: \[ \begin{aligned} IC_2(p, 0.99) &= \left[\widehat p - z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}}; \widehat p + z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}}\right] \\ &= \left[0.82 - 2.58\sqrt{\frac{1}{400}}; 0.82 + 2.58\sqrt{\frac{1}{400}}\right] \\ &= [0.82 - 0.13; 0.82 + 0.13] = [0.69; 0.95] \end{aligned} \]
Interpretação: Com um grau de confiança de 99%, estimamos que a proporção de não fumantes entre os alunos está entre 72% e 92% (resultado do slide anterior).
E pelo método conservador, com um grau de confiança de 99%, estimamos que a proporção de não fumantes entre os alunos está entre 69% e 95%.
Pesquisa do GSS. Você concorda ou não com a seguinte frase: “é mais importante para um esposa ajudar a carreira do marido do que ter uma carreira própria.”
A última vez que esta pergunta foi incluída no GSS foi em 1998 onde 1823 pessoas responderam e 19% concordaram.
Calcule e interprete o \(IC\) de 95% para a proporção na população que concorda com a frase.
\(\widehat p =0.19, n=1823, \alpha=0.05,\) e \(z_{0.025}=1.96\)
Então,
\[ \begin{aligned} IC(p, 0.95) &= \left[\widehat p -1.96 \sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}} ; \widehat p +1.96 \sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}}\right] \\ &= \left[0.19-1.96 \sqrt{\frac{0.19(1-0.19)}{1823}}; 0.19 + 1.96 \sqrt{\frac{0.19(1-0.19)}{1823}}\right] \\ &= [0.19 - 0.02; 0.19 + 0.02] \\ &= [0.17; 0.21] \end{aligned} \]
Interpretação: Se várias amostras aleatórias forem retiradas da população e calcularmos um \(IC\) de 95% para cada amostra, cerca de 95% desses intervalos irão conter a verdadeira proporção na população, \(p\).
INCORRETO: Dizer que “a probabilidade de que \(p\) esteja dentro do intervalo é 95%”
Por que incorreto? \(p\) é uma constante, não é variável aleatória. Ou \(p\) está no intervalo calculado ou não está.
Um \(IC\) de 95% para \(p\) é: \([0.17; 0.21]\)
A margem de erro (metade do comprimento do IC) é:
\[ME=1.96\sqrt{\frac{0.19(1-0.19)}{1823}}=0.02\]
\[P(|\widehat p -p|<0.02)=0.95\]
Interpretação: Com probabilidade 0.95, o erro ao usar a proporção amostral para estimar a proporção populacional não excede 0.02.
Curiosidade: em 1977 a pergunta foi feita pela primeira vez no GSS. \(\widehat p =0.57\) e \(IC\) de 95% foi \([0.55; 0.59]\).
Na teoria, muita gente se considera “eco-friendly”. Mas e na prática?
Pergunta: Você pagaria mais para um produto em favor ao meio ambiente?
Em 2000, GSS perguntou: “Você estaria disposto a pagar mais pela gasolina para proteger o ambiente?”
Entre \(n=1154\) participantes, \(518\) responderam que sim.
Encontre IC 95% para a proporção da população que concorda.
Interprete.
Estimativa: \(\widehat p =518/1154=0.45\)
erro padrão (desvio padrão da estimativa): \(EP(\widehat p) = \sqrt{\frac{(0.45)(1-0.45)}{1154}}=0.015\)
Margem de erro: \(1.96 EP(\widehat p) = 0.03\)
\[\begin{aligned} IC(p, 0.95) &= \left[0.45 - 1.96 \sqrt{\frac{(0.45)(0.55)}{1154}}; 0.45+1.96 \sqrt{\frac{(0.45)(0.55)}{1154}}\right] \\ &= [0.45 - 0.03; 0.45 + 0.03] \\ &= [0.42; 0.48] \end{aligned} \]
Interpretação: Com grau de confiança de 95%, estimamos que a proporção populacional que concorda em pagar mais está entre 0.42 e 0.48. A estimativa pontual, 0.45, tem margem de erro de 3%.
E se estivéssemos interessados na proporção que não pagaria mais?
Estimativa: \(\widehat p = 1-518/1154 = 0.55\)
erro padrão (desvio padrão da estimativa: \(EP(\widehat p) = \sqrt{\frac{(0.55)(1-0.55)}{1154}}=0.015\)
Margem de erro: \(1.96 EP(\widehat p) = 0.03\)
\[\begin{aligned} IC(p, 0.95) &= \left[0.55 -1.96 \sqrt{\frac{(0.55)(0.45)}{1154}}; 0.55+1.96 \sqrt{\frac{(0.55)(0.45)}{1154}}\right] \\ &= [0.55 - 0.03; 0.55 + 0.03] = [0.52; 0.58] \end{aligned} \]
Interpretação: Com grau de confiança de 95%, estimamos que a proporção populacional que não pagaria mais está entre 0.52 e 0.58. A estimativa pontual, 0.55, tem margem de erro de 3%.
Pergunta: Se a esposa quer ter um filho, mas o marido não, é justo que ele se recuse a ter um filho?
GSS: 598 responderam, 366 acham justo. Encontre um \(IC\) de 99%.
Estimativa: \(\widehat p = 366/598 = 0.61\)
erro padrão (desvio padrão da estimativa): \(EP(\widehat p) = \sqrt{\frac{\widehat p (1-\widehat p )}{n}} = 0.02\)
Margem de erro: \(2.58 EP(\widehat p) = 0.05\)
\[\begin{aligned} IC(p, 0.99) &= \left[0.61 - 0.05\,;\,0.61 + 0.05 \right]= \left[0.56\,;\,0.66\right] \end{aligned} \]
Com grau de confiança igual a 99%, estimamos que a proporção populacional que concorda está entre 0.56 e 0.66. A estimativa pontual, 0.61, tem margem de erro de 5%.
E o \(IC\) de 95%?
Margem de erro: \(1.96 EP(\widehat p) = 1.96 \times 0.02 = 0.04\)
\[\begin{aligned} IC(p, 0.95) &= \left[0.61 - 0.04\,;\,0.61 + 0.04\right] \\ &= \left[0.57\,;\,0.65\right] \end{aligned} \]
Com grau de confiança igual a 95%, estimamos que a proporção populacional que concorda está entre 0.57 e 0.65. A estimativa pontual, 0.61, tem margem de erro de 4%.
Com maior grau de confiança, temos uma margem de erro um pouco maior.
A Datafolha quer fazer uma pesquisa de boca-de-urna para predizer o resultado de uma eleição com apenas dois candidatos.
Seleciona então uma a.a. de eleitores e pergunta em quem cada um votou. Para esta pesquisa, o Datafolha quer uma margem de erro de 4%. Qual o tamanho de amostra necessário?
\[1.96\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}=0.04 \quad \Rightarrow \quad n=\frac{1.96^2p(1-p)}{0.04^2}\]
Problema é que não conhecemos \(p\).
Assim como para encontrar os \(IC\)’s, podemos usar o método conservador ou então usar informações obtidas em pesquisas anteriores (caso existam).
Método Conservador:
Outra alternativa
Uma firma de propaganda está interessada em estimar a proporção de domicílios que estão assistindo a final do campeonato brasileiro de futebol.
Para isso, está planejando ligar para os domicílios selecionados aleatoriamente a partir de uma lista.
Qual o tamanho da amostra necessário se a firma quer 90% de confiança de que a estimativa obtida tenha uma margem de erro igual a 0.02?
Método conservador: \(IC(p, 1-\alpha) = \left[ \widehat p -z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}}\,;\, \widehat p +z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}}\right]\)
Margem de erro 0.02:\(\quad z_{\alpha/2}\sqrt{\frac{1}{4n}} = 0.02\)
Como eles querem 90% de confiança, \(\alpha=0.10\) e \(z_{0.05}=1.645\)
\[1.645\sqrt{1/4n}=0.02 \quad \Longleftrightarrow \quad 1/4n=(0.02/1.645)^2 \quad \Rightarrow \quad n=1691.3\]
Tamanho amostral: 1692.
Em geral, para uma margem de erro \(m\): \[n=\left(\frac{z_{\alpha/2}}{2m}\right)^2\]
Suponha que \(p=30\%\) dos estudantes de uma escola sejam mulheres.
Coletamos uma amostra aleatória simples de \(n=10\) estudantes e calculamos a proporção de mulheres na amostra, ou seja, \(\widehat p\).
Qual a probabilidade de que \(\widehat p\) difira de \(p\) em menos de \(0.01\)? E se \(n=50\)?
Adaptado de: Morettin & Bussab, Estatística Básica \(5^a\) edição, pág 276.
Solução: Temos que a probabilidade que desejamos encontrar é dada por
\[P \left( |\widehat p -p| < 0.01 \right) = P \left( -0.01 < \widehat p - p < 0.01 \right )\]
onde \(p\) é o valor verdadeiro da proporção de mulheres, e \(\widehat p\) a proporção observada na amostra.
Seja \(X_i\) a v.a. indicando se a pessoa \(i\) é mulher, ou seja, \(X_i\sim\mbox{Bernoulli}(0.3)\).
Então sabemos que \(\mathbb E(X_i)=p=0.3\) e \(Var(X_i)=p(1-p)=0.21\).
Coletamos uma amostra de tamanho \(n\): \(X_1,\ldots,X_n\). Calculamos a proporção de mulheres na amostra: \[\bar{X}_n=\frac{S_n}{n}=\frac{X_1+ \ldots +X_n}{n}\]
Sabemos que \(\mathbb E(\bar X_n) = \mathbb E(X_i)=p = 0.3\) e \(Var(\bar X_n) = \frac{p(1-p)}{n} = \frac{0.21}{10} = 0.021\).
Pelo TCL, quando \(n\) é grande, \[\bar X_n = \widehat p \sim N\left(p, p(1-p)/n \right) = N(0.3, 0.021)\]
A probabilidade que queremos calcular é: \[P \left( |\widehat p -p| < 0.01 \right) = P \left( -0.01 < \widehat p - p < 0.01 \right )\]
\[P \left( -\frac{0.01}{\sqrt{Var(\widehat p )}} < \frac{\widehat p - p}{\sqrt{Var(\widehat p )}} < \frac{0.01}{\sqrt{Var(\widehat p )}} \right )\]
\[P \left( \frac{-0.01}{\sqrt{0.021}} < Z < \frac{0.01}{\sqrt{0.021}} \right) = P(-0.07 < Z < 0.07) = 0.056\,.\]
Mas \(n=10\) é grande o suficiente?
Podemos comparar essa probabilidade com o resultado exato!
Não sabemos a distribuição de \(\widehat p\), mas sabemos que \(X_i\) são v.a. independentes e identicamente distribuidas Bernoulli\((0.3)\).
Portanto, \(\sum_{i=1}^n X_i \sim Bin(10,0.3)\) e \(\widehat p = \frac{1}{n}\sum_{i=1}^n X_i\).
Então,
\[\begin{aligned} P \left( |\widehat p - p| < 0.01 \right) &= P \left( -0.01 < \widehat p - p < 0.01 \right) \\ &= P\left( -0.01n < n\widehat p - np < 0.01n \right) \\ &=P\left(-0.1 < \sum_{i=1}^n X_i - 3 < 0.1 \right) \\ &=P\left(2.9 < \sum_{i=1}^n X_i < 3.1 \right) \end{aligned}\]
Como \(\sum X_i\) assume somente valores inteiros, temos que \[\begin{aligned} P \left( |\widehat p -p| < 0.01 \right) &= P\left(2.9 < \sum_{i=1}^n X_i < 3.1 \right) \\ &=P\left(\sum_{i=1}^n X_i = 3 \right) \\ &= {\binom{10}{3}}(0.3)^3 (0.7)^7 = 0.267. \end{aligned}\]
Temos uma probabilidade que é 5 vezes maior que a aproximação.
Considere agora \(n=50\). Nesse caso, a variância é \(\frac{p(1-p)}{n}=0.0042\) e, portanto, a probabilidade aproximada é: \[P(|\widehat p - p| < 0.01) \approx P\left( |Z| < \frac{0.01}{\sqrt{0.0042}} \right) = P(-0.154 < Z < 0.154) = 0.12239\]
A probabilidade exata agora é dada por: \[\begin{aligned} P(|\widehat p - p| < 0.01) &= P\left( \left| \sum_{i=1}^n X_i - 50(0.3) \right| < 0.5 \right) \\ &=P\left(\sum_{i=1}^n X_i = 15 \right) = {\binom{50}{15}}(0.3)^{15} (0.7)^{35} = 0.12235. \end{aligned}\]
A diferença agora é muito menor e, à medida que \(n \rightarrow \infty\) ela tende a 0, pelo TCL. A aproximação só é válida para grandes tamanhos de amostra.
Suponha que estejamos interessados em estimar a porcentagem de consumidores de um certo produto. Se a amostra de tamanho 300 forneceu 100 indivíduos que consomem o dado produto, determine:
O intervalo de \(95\%\) de confiança para \(p\). Interprete o resultado.
O tamanho da amostra para que o erro da estimativa não exceda 0.02 unidades com probabilidade de \(95\%\). Interprete o resultado.
Fonte: Morettin & Bussab, Estatística Básica \(5^a\) edição, pág 309.
Interpretação: Se pudéssemos construir um grande número de intervalos aleatórios para \(p\), todos baseados em amostras de tamanho n, \(95\%\) deles conteriam o parâmetro \(p\).
Interpretação: Utilizando o tamanho amostral encontrado, teremos uma probabilidade de \(95\%\) de que a proporção amostral não difira do verdadeiro valor de \(p\) em menos que \(2\%\).
Note que a prática de obter amostras pequenas para examinar \(p\), e aí determinar o tamanho amostral sem utilizar o “pior caso”, é no que consiste a idéia de amostras piloto.
Slides produzidos pelos professores:
Samara Kiihl
Tatiana Benaglia
Larissa Matos
Benilton Carvalho